Nova diretora do Unaids para a América Latina e Caribe defende trabalho de mãos dadas para que os ODS sejam contemplados

A nova diretora do escritório regional do Unaids para a América Latina e Caribe, Luisa Cabal, destacou a importância do trabalho conjunto e de uma narrativa com base sólida, a fim de que se atinja os tomadores e as tomadoras de decisão. para que eles contemplem a Agenda 2030, especialmente nas garantias às pessoas com HIV/AIDS, ressaltando os direitos humanos e a igualdade de gênero. O recado foi transmitido a representantes da sociedade civil na última quinta-feira (10), durante webinário organizado pela Gestos – Soropositividade, Comunicação e Gênero e ICW Latina.
“Contem comigo como uma aliada, vamos trabalhar de mãos dadas para atingirmos nossos compromissos políticos que envolvem toda a comunidade, com respostas verdadeiramente multissetoriais contemplando a prevenção de populações-chave”, disse, enfatizando a importância de revisar as contas, a partir de informações estratégicas, que permitam maior incidência política.
No Relatório Luz de 2021, o GT Agenda 2030 faz um alerta para a falta de verbas no Brasil. A meta 3.3 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que determina o fim das epidemias de Aids, tuberculose, malária e doenças tropicais negligenciadas, está ameaçada. Isso porque houve cortes de recursos para saúde e a consequente redução de exames para detectar o HIV, por exemplo. Segundo dados do Ministério da Saúde de 2020, o País tem 920 mil pessoas vivendo com o HIV, quase metade dos casos registrados na América Latina.
Há sete anos no Unaids, Luisa Cabal chefiava a unidade de Direitos Humanos e Igualdade de Gênero na sede, em Genebra. Também trabalhou 16 anos, junto à sociedade civil, pelos direitos a saúde, pelos direitos sexuais reprodutivos e pela não discriminação às pessoas afetadas pelo HIV. “Sei que essas lutas às vezes são longas, mas sei também que são urgentes, porque há muita gente morrendo. Esperem de mim tenacidade e compromisso. Não abandonarei nossas causas comuns”, reforçou.
Luisa Cabal assumiu há um mês a diretoria do escritório regional do Unaids, no Panamá, em um contexto político que reconhece ser incerto e muito complicado, em meio a uma pandemia. “Quero escutá-los, saber quais são suas prioridades, suas preocupações. Mais que nunca necessitamos de um trabalho colaborativo, de equipe”
O Unaids passa por um processo de reestruturação, com rearrumação das equipes e do orçamento. “Não somos uma agência. Não temos recurso nem o poder de uma agência, mas temos uma voz poderosa junto às Nações Unidas. Precisamos definir como catalisar esse poder, conectar saberes, unir diferentes atores”, propôs.
Nesse processo de mudanças, Luisa Cabal assegura que “ninguém vai ficar para trás”. “Se há alguma pessoa marginalizada, todas nós ficamos para trás. Meu compromisso é que ninguém fique atrás. Nem as mulheres nem os LGTQIA+ nem os privados de liberdade nem os consumidores de drogas. Ninguém”