Efeitos da Covid-19 podem empurrar mais 207 milhões de pessoas para a extrema pobreza até 2030, diz estudo do Pnud

Investimentos para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) poderiam retirar 146 milhões dessa condição
Um estudo divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), no início de dezembro, alerta que os efeitos de longo prazo da pandemia de Covid-19 podem empurrar mais 207 milhões de pessoas para a extrema pobreza em todo o mundo, elevando o total para mais de um bilhão até 2030. No entanto, caso haja um conjunto de investimentos para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), 146 milhões de pessoas poderiam ser retiradas dessa condição.
O estudo é fruto de uma parceria do Pnud com o Pardee Center for International Futures da Universidade de Denver, nos Estados Unidos, e avalia o impacto de três cenários de recuperação da Covid-19 nos ODS nos próximos dez anos.
No cenário “Linha de base Covid”, projetado com base nas taxas atuais de mortalidade e nas estimativas de crescimento mais recentes do Fundo Monetário Internacional (FMI), 44 milhões de pessoas poderão ser empurradas para a extrema pobreza até 2030, quando comparamos com a trajetória de desenvolvimento pré-pandemia (cenário sem Covid-19).
No cenário “Grandes danos”, em que os efeitos socioeconômicos serão prolongados, assim como a recuperação, a pandemia da Covid-19 poderá empurrar mais 207 milhões de pessoas para a pobreza extrema até 2030, aumentando o número de mulheres vivendo na pobreza em 102 milhões adicionais em relação à “Linha de base Covid”.

“O cenário de Grandes Danos prevê que 80% da crise econômica induzida pela Covid-19 persistirá no prazo de 10 anos devido à perda de produtividade, impedindo uma recuperação completa da trajetória de crescimento vista antes da pandemia”, diz matéria do Pnud Brasil sobre o estudo.
Impulso dos ODS – Porém, se houver um conjunto de investimentos focado no alcance dos ODS na próxima década, voltados para programas de proteção social e bem-estar, governança, digitalização e uma economia verde, o aumento da pobreza extrema poderia não apenas ser evitado, como exceder a expectativa de crescimento mundial anterior à pandemia.
Este é o cenário que o estudo chama de “Impulso dos ODS”, capaz de retirar mais 146 milhões de pessoas da pobreza extrema, reduzindo também a lacuna de gênero/pobreza e o total de mulheres na pobreza em 74 milhões, ainda que sejam considerados os impactos atuais da pandemia. As intervenções sugeridas mesclam mudanças de comportamento para governos e cidadãos.
“Com esta nova pesquisa sobre a pobreza destaca, a pandemia de Covid-19 é um ponto de inflexão, e as escolhas que os líderes fizerem agora poderão levar o mundo em direções muito diferentes. Temos a oportunidade de investir em uma década de ação que não apenas ajude as pessoas a se recuperarem da Covid-19, mas que restabeleça o caminho do desenvolvimento das pessoas e do planeta em direção a um futuro mais justo, resiliente e verde”, afirmou Achim Steiner, administrador do Pnud.
Este é o primeiro estudo de uma série de relatórios do Pnud sobre o impacto da Covid-19 nos ODS, concentrando-se nos impactos da pandemia sobre as Pessoas. No início do próximo ano, serão lançadas novas publicações sobre o impacto em outras dimensões da Agenda 2030, focando nas metas relacionadas à Prosperidade, à Paz e ao Planeta.
Acesse aqui o estudo em inglês.
Com informações do Pnud Brasil.