ODS 2: Fome atinge 10,3 milhões de brasileiros e brasileiras, diz IBGE

Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018 mostra ainda que mulheres e pardos predominam como pessoas de referência em domicílios com insegurança alimentar grave

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, no dia 17 de setembro, a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018. O levantamento, que usa a mesma metodologia da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), mostra que a fome atingiu 3,1 milhões de domicílios, onde viviam 10,3 milhões de pessoas, a maioria mulheres e pardas.

Os dados corroboram o que o Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (GT Agenda 2030) já afirmava no II Relatório Luz da Sociedade Civil sobre a Agenda 2030 no Brasil: que o país havia voltado ao Mapa da Fome.

“Cobramos essa divulgação nos dois últimos Relatórios Luz. Importante a divulgação, mas muito tardia, com dados muito defasados”, comenta o economista Francisco Meneses, membro do GT Agenda 2030, pesquisador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), analista de Políticas e Programas da ActionAid Brasil e ex-presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).


De acordo com o IBGE, a segurança alimentar caiu de 77,4% em 2013 para 63,3% dos domicílios em 2018, abaixo do patamar registrado em 2004 (69,8%). Esse quadro era ainda pior no Norte (43,0%) e no Nordeste (49,7%), ou seja, “menos da metade dos domicílios dessas regiões tinham acesso pleno e regular aos alimentos”, conforme o comunicado do instituto. A situação era um pouco melhor no Centro-Oeste (64,8%), Sudeste (68,8%) e Sul (79,3%).

Entre os 63,3% dos domicílios brasileiros (ou 25,3 milhões de residências) com insegurança alimentar, 24% possuem um grau leve, 8,1% um grau moderado e 4,6% possuíam insegurança alimentar grave. Domicílios com insegurança alimentar têm menos acesso a água e esgoto. Mulheres e pardos predominam como pessoas de referência em domicílios com insegurança alimentar grave.

Segundo Menezes, os dados divulgados pelo IBGE mostram uma tendência, mas precisam ser avaliados considerando o que vem pela frente, principalmente por causa dos impactos da pandemia da Covid-19. No Relatório Luz 2020, o GT Agenda 2030 destacou uma maior preocupação com a inexistência de uma política nacional de abastecimento, por conta do desmonte da estrutura da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A extinção do Consea, por meio da Medida Provisória nº 870, também prejudicou a formulação de políticas públicas no campo da segurança alimentar e nutricional.

Com informações do IBGE.

Foto: Antonio Cruz/ABr

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