Líderes de projetos comunitários, pesquisadores e organizações da sociedade civil debatem crise hídrica no Rio em tempos de pandemia

Debate on-line foi promovido pelo GT Agenda 2030 em parceria com ActionAid, IDS, Casa Fluminense e REBRAPD

“Dedicamos esta atividade às quase 27 mil pessoas mortas no Brasil em decorrência da Covid-19, entre as quais muitos profissionais de saúde que têm contribuído no enfrentamento da pandemia”, disse o coordenador da Rede Brasileira de População e Desenvolvimento (REBRAPD) ao abrir o debate “Justiça socioambiental e saneamento no Rio de Janeiro: pensando as cidades em tempos de pandemia”.

O evento foi promovido virtualmente na última quinta-feira (28/05) pelo Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (GT Agenda 2030) em parceria com quatro de suas organizações membros: ActionAid Brasil, Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), Casa Fluminense e REBRAPD. A mesa de abertura também contou com as presenças de Carolina Mattar (IDS), Francisco Menezes (ActionAid) e Vitor Mihessen (Casa Fluminense). Foi o primeiro de uma série de cinco debates que o GT irá realizar até agosto.

Richarlls Martins, Vitor Mihessen, Carolina Mattar e Francisco Menezes
Guilherme Checco

A primeira mesa, mediada por Lívia Salles (ActionAid), contou com a participação de pesquisadores e focou na crise estrutural que o Brasil vivencia nos serviços de água tratada e esgoto, o que vem dificultando a adoção de medidas básicas de higiene para prevenção à Covid-19 por parte das pessoas mais pobres. “Estamos falando da obrigação do Estado de garantir a melhoria progressiva dos índices de água e esgoto. A situação é grave no Brasil. Em 2018, apresentamos uma denúncia à ONU sobre a violação desse direito humano pelo Brasil”, disse Guilherme Checco, especialista do IDS.

Ana Lúcia Britto

Para a professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ana Lúcia Britto, a população mais pobre também vem sendo penalizada com a falta de serviços adequados de saúde e o fraco sistema de proteção social. “As populações mais vulneráveis sofrem pelo fato de não terem acesso a um sistema de saúde adequado e também por estarem sofrendo mais gravemente os impactos da crise econômica e social da pandemia”, afirmou. Ela apresentou a cartilha “Direito à água – em tempos de pandemia da Covid-19“.

Guilherme Franco Netto

O pesquisador Guilherme Netto, da Fiocruz, apresentou um panorama da Covid-19 no mundo e como a pandemia está ligada com a relação dos seres humanos com o meio ambiente. “A Covid-19 vem no contexto da reorganização do capital, num processo em que a concentração da riqueza aumentou exponencialmente no mundo, com diversos efeitos do ponto de vista ambiental como também de rupturas sociais e inequidades”, analisou, salientando que o impacto da Covid-19 será mais devastador em áreas urbanas pobres e densamente povoadas.

Juliana Marques

Comunidades – A segunda mesa, mediada por Thábara Garcia (Casa Fluminense) discutiu estratégias de enfrentamento à pandemia em comunidades pobres do Rio de Janeiro, mais especificamente nas favelas da Maré e da Rocinha. Juliana Marques, do Data_Labe, explicou como funciona o Cocôzap e como essa ferramenta vem ajudando a ampliar o engajamento e a mobilização da população da Maré. “Em alguns locais da Maré falta água por mais de cinco dias seguidos e o Cocôzap nos ajuda a pressionar as autoridades”, apontou.

Magda Gomes

Magda Gomes, do Coletivo Rocinha Resiste, falou sobre os eixos de atuação do coletivo, baseados na ação/prevenção/combate à Covid-19 e na reivindicação de políticas públicas. “A Rocinha vai fazer centenário e não tem saneamento básico. Na pandemia, fizemos uma articulação para garantir que não houvesse constante falta d’água e colaboramos na contrução de um plano de ação para enfrentamento da Covid19”, contou.

Acesse as apresentações feitas durante o debate:
Guilherme Checco
Guilherme Franco Netto
Magda Gomes

Acesse a cartilha “Direito à agua – em tempos de pandemia da Covid-19”, produzida pelo ONDAS, LEPUR, LabJuta e ARTIGO 19

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