Taxa de mortalidade para crianças de até 1 ano chega a 24,6 na capital paulista

Este é o índice apurado no distrito de Marsilac; no extremo oposto fica Perdizes, com taxa de apenas 1,1, segundo o Mapa da Desigualdade da Primeira Infância
A Rede Nossa São Paulo, organização da sociedade civil que trabalha em parceria com instituições públicas e privadas visando a uma cidade mais justa, democrática e sustentável, acaba de lançar o Mapa da Desigualdade da Primeira Infância. A publicação revela que a taxa de mortalidade para crianças, na capital paulista, chega a 24,6 a cada mil nascidas vivas, no distrito de Marsilac. A menor taxa foi identificada em Perdizes, bairro nobre da cidade (1,1).
A redução da mortalidade neonatal e de crianças menores de cinco anos é uma das metas do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nº 3 – Saúde e bem-estar. No Brasil, a taxa média de crianças que morrem antes de completar o primeiro ano de idade é de 12,4. Os dados mostram que as regiões mais pobres são as mais afetadas, refletindo os baixos níveis de saúde, desenvolvimento socioeconômico e condições de vida.
No caso da capital paulista, em relação à mortalidade infantil, houve um aprofundamento da desigualdade entre os 96 distritos analisados. Em 2017, havia uma diferença de 20 vezes entre o pior distrito (Sé, com 21,8 mortes até 1 ano) e o melhor (Perdizes, com 1,0). Agora, o “desigualtômetro” apontou uma diferença de 23 vezes entre Marsilac e Perdizes.
Este e os demais indicadores do Mapa da Desigualdade da Primeira Infância estão inter-relacionados. Vão desde o contexto urbano, como percentual de domicílios atendidos pela rede geral de esgoto à arborização viária, passando pela iluminação pública, favelização e crianças vivendo em áreas de vulnerabilidade social. No campo da gestação, há o problema das gestações cada vez mais precoces entre adolescentes, exames de pré-natal insuficientes e condições do parto, entre outros.
Após o nascimento, pesam fatores como vagas em creches e na pré-escola, a disponibilidade de equipamentos públicos de esporte e ruas de lazer, o número de internações por doenças respiratórias, a existência de unidades básicas de saúde, tempo de espera para consultas pediátricas e acidentes de trânsito envolvendo crianças e assim por diante.
Além de tudo isso, tem a questão da violência sexual contra crianças e nesse caso a desigualdade chega a 85,9 vezes entre os distritos de São Paulo. Enquanto que em 28 distritos o percentual de casos notificados de violência/abuso sexual contra crianças de 0 a 5 anos aparece zerado, a realidade é diferente em distritos como Capão Redondo (0,307), Brasilândia (0,216) e Itaim Paulista (0,147).
O levantamento utiliza a mesma metodologia do Mapa da Desigualdade e reúne 26 indicadores municipais, relacionados a temas essenciais para o bem-estar e a qualidade de vida de crianças de zero a seis anos de idade.
A Rede Nossa São Paulo é uma das realizadoras do Programa Cidades Sustentáveis – membro do Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (GT Agenda 2030) – juntamente com a Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis e o Instituto Ethos.
Com informações da Rede Nossa São Paulo
Foto: Fotos públicas
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