Relatório mostra violações da indústria fóssil aos direitos humanos ao redor do mundo

Publicação lançada pela 350.org também chama a atenção para a necessidade de justiça climática
O 350.org, movimento global que busca soluções para a crise climática, lançou no último dia 7/02, em Colombo (PR), o relatório “Violações dos direitos humanos pela indústria fóssil”. O documento reúne histórias de pessoas que sofrem com a ação direta da indústria de combustíveis fósseis ao redor do mundo e chama a atenção para a necessidade de justiça climática.
Segundo a publicação, parte das violações de direitos humanos mais graves que ocorrem pode ser atribuída, seja direta ou indiretamente, às operações das empresas de combustíveis. “Os impactos físicos das atividades de extração e refino afetam o gozo dos direitos humanos fundamentais, como direito à saúde, vida, privacidade, moradia, entre outros”, diz o texto. A queima de combustíveis fósseis teria efeitos similares.
A indústria fóssil, na medida em que acelera as mudanças climáticas, faz com que pessoas percam entes queridos em situações de clima extremo e dificulta a manutenção de meios de vida tradicionais, como a pesca ou a agricultura. São empresas que costumam financiar o negacionismo climático e boicotam a ciência do clima que tem feito duros alertas quanto aos impactos dessa indústria.
“A maneira como a indústria fóssil entrou na cidade ou território dessas pessoas é igual. Vão com promessa de progresso para a economia local, geração de emprego e riqueza e com apoio do governo. Entretanto, precisam lidar com poluição e contaminação todos os dias, doenças graves, dificuldade para manter o meio de vida tradicional e empobrecimento”, argumenta o grupo Defensores Climáticos da 350.org.
Denúncias – Diversos atores têm se voltado contra essa indústria com o objetivo de denunciar seus crimes ambientais e sociais e muitos são perseguidos, ameaçados e mortos. O relatório da 350.org busca justamente contar algumas dessas histórias. Empresas têm sido processadas por danos associados às mudanças climáticas e por não terem tomado as devidas medidas protetivas. “Embora a maioria dos casos tenha se baseado em ações indenizatórias, os requerentes começaram a usar os direitos humanos como argumento para que as empresas sejam responsabilizadas”, contextualiza o relatório.
Para a diretora da 350.org América Latina, Nicole Oliveira, o relatório é uma chamada forte para que as pessoas criem consciência sobre a necessidade de justiça climática. “Percebo que hoje as pessoas estão discutindo e debatendo mais sobre justiça climática, e isso é muito bom. Entretanto, me questiono se as pessoas sabem das atrocidades que a indústria fóssil é capaz de fazer na vida de tantas famílias, apoiada pelo governo, sendo raramente culpada de seus crimes”, afirma.
Leia aqui o relatório completo.
Com informações da 350.org.
Foto: 350.org/Divulgação.
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