Instituto Igarapé lança plataforma Eva, com dados de violências praticadas contra mulheres

Ferramenta disponibiliza informações de mais de 9 mil municípios do Brasil, Colômbia e México
O Instituto Igarapé, uma das organizações que compõem o Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (GT Agenda 2030), lançou a EVA (Evidências sobre Violências e Alternativas para Mulheres e Meninas), uma plataforma inédita que disponibiliza dados de violências praticadas contra mulheres de mais de 9 mil municípios do Brasil, Colômbia e México. Esses três países concentram 65% do total de assassinatos contra mulheres na América Latina.
A plataforma foi desenvolvida pelo Igarapé com apoio da Uber. Os dados são inéditos em sua maioria e aparecem desagregados por idade, raça, instrumento utilizado, mostrando a realidade da violência contra mulheres na maior parte dos municípios brasileiros, colombianos e mexicanos.
No México, por exemplo, 80% de todas as formas de violência contra mulheres foram cometidas por companheiros, 43,9% foram vítimas de violência no último ou no atual relacionamento. Lá, quase metade dos homicídios (44%) foi praticada com armas de fogo. Na Colômbia, 71% das vítimas de violência sexual são jovens menores de 14 anos, 64,1% das mulheres já relataram ter sofrido violência psicológica por parte de seus companheiros. Entre 2010 e 2018, foram reportados 441 mil casos de violência intrafamiliar contra colombianas.
De modo geral, com exceção do homicídio, as mulheres são as principais vítimas de todos os tipos de violência. Sobre o Brasil, a plataforma mostra que, desde 2010, 1,23 milhão de mulheres utilizaram o sistema de saúde por terem sofrido algum de tipo violência e que os parceiros cometeram 36% das violências. As negras são maioria em todos os tipos de violência, chegando a 57% dos casos de violência sexual e 51% dos casos de violência física. A violência contra mulheres negras aumentou 409% entre 2010 e 2017, ao passo que a violência contra as brancas subiu 297%.
A plataforma EVA possibilita o cruzamento on-line de um grande volume de dados de violência física, patrimonial, psicológica, moral e sexual, constituindo-se uma ferramenta bastante útil para jornalistas, especialistas, estudantes, gestores de políticas públicas, integrantes de forças de segurança e para o público em geral. O formato é interativo, com séries históricas e atualização periódica.
Acesse a plataforma: eva.igarape.org.br.
Com informações do Instituto Igarapé.