Mudanças climáticas e crescente desigualdade ameaçam progresso no desenvolvimento sustentável, diz ONU na abertura do HLPF 2019

Novo relatório apresentado nesta terça (9) reconhece os avanços, mas aponta que os desafios permanecem e são monumentais
A Organização das Nações Unidas (ONU) apresentou nesta terça-feira (9/07), durante a abertura do Fórum Político de Alto Nível (HLPF 2019), em Nova York, seu novo relatório sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O estudo é baseado nos dados mais recentes e significa mais um marco na mensuração do progresso e na identificação de lacunas na implementação da Agenda 2030. De acordo com esses dados, os impactos das mudanças climáticas e a crescente desigualdade entre e dentro dos países estão minando o progresso na agenda de desenvolvimento sustentável. Esses impactos ameaçam reverter muitos dos ganhos alcançados pelos países nas últimas décadas que vêm melhorando a vida das pessoas.
O novo relatório da ONU está sendo apresentado quatro anos após a adoção dos ODS, em 2015, por 193 países-membros, incluindo o Brasil. Entre os progressos observados estão a redução da extrema pobreza, imunização generalizada, queda nas taxas de mortalidade infantil e aumento no acesso das pessoas à eletricidade. No entanto, a publicação faz um importante alerta: a resposta global aos desafios apresentados na Agenda 2030 não foi ambiciosa o suficiente. Pessoas e países mais vulneráveis estão sofrendo mais.
“Está abundantemente claro que uma resposta bem mais profunda, mais rápida e mais ambiciosa é necessária para liberar a transformação social e econômica necessária para alcançar os nossos objetivos de 2030”, disse o secretário-geral da ONU, António Guteres.
Principais pontos do relatório:
- A desigualdade crescente entre e dentro dos países exige atenção urgente, alerta o relatório. Três quartos das crianças com nanismo vivem no Sul da Ásia e na África Subsaariana. A taxa de extrema pobreza é três vezes mais alta em zonas rurais do que em áreas urbanas. Os jovens têm três vezes mais chances de estarem desempregados do que os adultos. Apenas um quarto das pessoas com deficiências severas recebem pensão por deficiência. E mulheres e meninas ainda enfrentam barreiras para alcançar igualdade;
- O ano de 2018 foi o quarto mais quente já registrado. Os níveis das concentrações de dióxido de carbono continuaram a aumentar em 2018. A acidez dos oceanos está 26% mais alta do que nos tempos pré-industriais e deve ter aumento de 100% a 150% até 2100, com a atual taxa de emissões de CO2;
- O número de pessoas vivendo na extrema pobreza caiu de 36% em 1990 para 8,6% em 2018, mas o ritmo da redução da pobreza está começando a desacelerar, conforme o mundo luta para responder a uma miséria enraizada, a conflitos violentos e a vulnerabilidades aos desastres naturais;
- A fome global tem crescido após uma queda prolongada.
Fórum Político – O HLPF é a maior reunião anual sobre a implementação dos ODS, reunindo representantes de governos, sociedade civil e organismos multilaterais. O Fórum é convocado pelo Conselho Econômico e Social da ONU (ECOSOC) e acontece este ano no período de 9 a 18 de julho, contando com mais de duas mil pessoas inscritas.
O GT Agenda 2030 participa por meio de diversas organizações, entre elas Campanha Nacional pelo Direito à Educação; Casa Fluminense; Gestos – Soropositividade, Comunicação e Gênero; Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc); Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS); Programa Cidades Sustentáveis; Rede Brasileira de População e Desenvolvimento (Rebrapd); Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids (RNP+); e Visão Mundial.
No dia 17, o GT realiza a mesa redonda “How can SDGs thrive in adverse political contexts”, na sede da World Vision International, ocasião em que serão antecipados alguns destaques do Relatório Luz 2019, previsto para ser lançado no Brasil em agosto. O diálogo irá focar em experiências de organizações da sociedade civil que estão enfrentando desigualdades e promovendo os ODS em cenários políticos desafiadores.
Para o HLPF 2019, 47 países agendaram a apresentação de suas Revisões Voluntárias Nacionais (RNV), sendo que os temas que estão sendo analisados este ano são os Objetivos 4 (Educação de Qualidade); 8 (Emprego Decente e Crescimento Econômico); 10 (Redução das Desigualdades); 13 (Combate às Mudanças Climáticas); 16 (Paz e Justiça); e 17 (Parcerias pelas Metas). O Brasil, ao contrário do que foi acordado, desistiu de fazer sua apresentação. O GT Agenda 2030 divulgou uma nota criticando a desistência.
Com informações da ONU Brasil.
Leia aqui a publicação original.
Acesse aqui a íntegra do relatório (em inglês).
Foto: IFLA/Divulgação