Número de agrotóxicos liberados no Brasil já passa de 120 em 2019

País passa agora a contar com mais de 2.000 agrotóxicos liberados para comercialização
Um agrotóxico liberado por dia. Esta é a média de aprovação de novos registros do atual governo. Desde janeiro, já foram aprovados 121 novos produtos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). No Brasil, a liberação de agrotóxicos vem crescendo exponencialmente nos últimos anos. Em 2018, já tinham sido aprovados 450 novos registros, um recorde histórico. No total, o Brasil passa agora a contar com mais de 2.000 agrotóxicos liberados para comercialização.
Evidentemente, o aumento progressivo no registro de pesticidas no país traz a reboque sérios danos ao meio ambiente e à saúde pública. Entre 2007 e 2017, houve a notificação de 1.900 mortes relacionadas ao uso de agrotóxicos e 40 mil casos de intoxicação aguda no Brasil.
Trata-se de um negócio bilionário que movimenta, no país, cerca de US$ 10 bilhões por ano (20% do mercado mundial) e envolve inúmeras multinacionais, a exemplo da suíça Syngenta, as norte-americanas Arista Lifescience e a Albaugh Agro e a alemã Basf. Esta última foi condenada a pagar uma indenização coletiva de R$ 200 milhões por exposição prolongada a agrotóxicos de mais de mil pessoas em Paulínia (SP). Cinquenta e nove pessoas morreram.
O aumento na liberação está relacionado a uma maior pressão por parte dos ruralistas, inclusive para flexibilizar as regras de registro dos produtos. Estão sendo liberados, inclusive agrotóxicos já banidos em dezenas de outros países por estarem ligados a casos de câncer e alterações genéticas, como o acefato e a atrazina. Para o Mapa, o aumento nos registros decorre de “uma maior agilidade da Anvisa nas análises toxicológicas”.
A meta 3.9 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável prevê reduzir substancialmente o número de mortes e doenças por produtos químicos perigosos, contaminação e poluição do ar e água do solo até 2030. No ritmo atual, o Brasil certamente não atingirá esta meta. Um passo importante seria, por exemplo, a aprovação do projeto de lei nº 6.299/2016, que propõe uma redução gradual do uso de agrotóxicos e endurecer a fiscalização de resíduos de pesticidas.
Com informações de Nexo Jornal e De Olho nos Ruralistas.
Foto: FAO/Harry Vander Wul/ONU.
- Ministra Nísia Trindade cita Agenda 2030 em discurso na OMS
- O que muda para a América Latina depois do Fórum de financiamento para o desenvolvimento da ONU?
- Aditamento de Edital – Abertura de Novo Prazo
- Desenvolvimento sustentável e saúde na América Latina é tema de webinário do Cris/Fiocruz
- (sem título)
