Apenas 19 médicos inscritos no 2º edital da Secretaria Especial de Saúde Indígena se apresentaram ao trabalho

Levantamento do Inesc mostra que há 250 vagas sem ocupação, o que deixa vulneráveis povos indígenas de diversas etnias e regiões

Dos 69 médicos inscritos no 2º edital da Secretaria Especial de Saúde Indígena, do Ministério da Saúde, apenas 19 se apresentaram ao trabalho. É o que diz um levantamento feito pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), um dos membros do Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (GTSC A2030). Além disso, das 332 vagas disponibilizadas para médicos brasileiros atuarem nos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs), mais da metade delas seguem em aberto, apesar dos diferentes editais, chamadas e prorrogação de prazos.

A situação, segundo o Inesc, deixa vulneráveis povos indígenas de diversas etnias e regiões, principalmente no Norte e no Nordeste do Brasil. “Quem antes recebia tratamento humanizado e que respeitava as suas práticas tradicionais agora se vê abandonado pela atenção básica do SUS. Este é o atual quadro que a saída repentina dos médicos cubanos do programa Mais Médicos causou”, diz o instituto em matéria publicada no seu site.

A dificuldade no preenchimento e ocupação das vagas está diretamente relacionada às peculiaridades da realidade dos DSEIs, que ficam distantes dos grandes centros. Isso leva muitos médicos a rejeitarem o trabalho. Parte dos que assumem, abandonam o cargo de forma precoce, gerando uma alta rotatividade e uma descontinuidade no atendimento, analisa o texto.

No Norte do país, apenas dois médicos apareceram até o momento para atender a uma população estimada em mais de 95 mil indígenas nos DSEIs do Médio e Alto Solimões. O DSEI Alto Rio Negro, onde vivem 40 mil indígenas, está com 16 vagas em aberto. Somando os três distritos, chegamos a uma população de 135 mil indígenas que passaram a ter o atendimento médico comprometido. No DSEI do Tapajós, no Pará, são 11 vagas não preenchidas. Em Roraima, são 19 vagas não ocupadas nos DSEIs Leste e Yanomami. No Maranhão, 17 vagas seguem sem médicos.

Mas não são apenas os indígenas que sofrem com a ausência de médicos. Há vagas em aberto para atendimento à população em geral em todas as regiões do país. Em todo o programa Mais Médicos, há 1.460 vagas não ocupadas para atendimento dos brasileiros. De acordo com o Ministério da Saúde, serão feitas novas chamadas ainda neste mês de fevereiro para médicos brasileiros formados no exterior e para médicos estrangeiros habilitados para o exercício da medicina no exterior (sem registro no Brasil).

A Agenda 2030, em seu Objetivo de Desenvolvimento Sustentável nº 3 – Saúde e bem-estar, almeja assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas as pessoas, em todas as idades. O desmonte do programa Mais Médicos vai na direção contrária a esse objetivo.

Leia a matéria completa no site do Inesc.

Foto: ONU Mulheres Brasil.

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