Mapa da Desigualdade da Cidade de São Paulo adota Agenda 2030

Metas dos ODS estão em seis dos 10 temas de indicadores analisados pela Rede Nossa São Paulo, entidade do GT Agenda 2030

A edição do Mapa da Desigualdade da Cidade 2018 mostra diferenças chocantes entre os distritos da capital paulista. Um dos dados do estudo revela, por exemplo, que o índice de agressão a mulheres no Jardim São Luís, distrito da periferia na zona sul, é 180 vezes maior que no Jardim Paulista, situado na região nobre da cidade. Esse dado tem relação direta com o ODS 5: Igualdade de Gênero, que tem como uma das metas eliminar todas as formas de violência contra todas as mulheres e meninas nas esferas públicas e privadas, incluindo o tráfico e exploração sexual e de outros tipos.

Pela primeira vez, o levantamento feito desde 2012 pela Rede Nossa São Paulo, que faz parte do Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (GTSC Agenda 2030), está alinhado às metas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). A Agenda 2030 funciona como um mapa colaborativo para a busca pelo desenvolvimento sustentável e os 17 ODS traduzem as necessidades das pessoas e do planeta em várias dimensões.

O coordenador geral da Rede Nossa São Paulo, Jorge Abrahão, comenta que o Mapa da Desigualdade mostra a realidade efetiva da cidade e que os números não deixam dúvidas. O estudo mostra que a idade média de morte para quem vive no Jardim Paulista é de 81 anos e meio e de 58 anos e meio para quem mora na Cidade Tiradentes. Ele avalia que esses 23 anos de diferença mostram o tamanho da desigualdade na maior cidade do país e que é uma questão de múltiplas dimensões. A desigualdade é de segurança, de educação, de saúde, de saneamento… É uma desigualdade multitemática.

Abrahão informa que o Mapa pretende mostrar a dinâmica da cidade e funcionar como um orientador de políticas públicas e priorização de investimentos. Que efetivamente consiga influir onde se deve mais colocar os investimentos na cidade. Os números por si só causam uma impressão muito forte, mas saber que existe uma diferença tão grande é importante.

Nós ligamos o Mapa da Desigualdade, cada número e dado que temos, à Agenda 2030 e aos  os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Isso passou a ser uma referência e sabe-se quais são os números e o que a Agenda 2030 preconiza. Além de conseguir ver a diferença no Mapa, nós conseguimos estabelecer uma meta e um objetivo a ser atingido até 2030. O gestor pode entender onde ele deve chegar ou qual é o seu papel para atingir essa meta em 2030.
Jorge Abrahão | Rede Nossa São Paulo

O Mapa da Desigualdade da Cidade 2018 aponta as metas dos ODS relacionadas a indicadores analisados. O estudo aborda os temas Cultura, Educação, Esporte, Habitação, Inclusão Digital, Meio Ambiente, Saúde, Trabalho e Renda, Transportes/Acidentes de Trânsito e Violência. Metas dos ODS estão em indicadores de seis dos 10 temas: Cultura, Educação, Habitação, Meio Ambiente, Saúde, Trabalho e Renda.

O ODS 5: Igualdade de Gênero também aparece no tema Trabalho e Renda, no indicador de diferença salarial percentual mulheres e homens com a meta para garantir a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, econômica e pública.

Em Cultura, o indicador centros culturais, casas e espaços de cultura considera o ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis, que tem como uma das metas fortalecer esforços para proteger, salvar e guardar o patrimônio cultural e natural do mundo.

Em Habitação, o indicador sobre favelas também considera o ODS 11 e a meta de até 2030 garantir o acesso de todos à habitação segura, adequada e a preço acessível, e aos serviços básicos e urbanizar as favelas. 

O tema Saúde contempla metas dos ODS 2: Fome zero e Agricultura Sustentável e ODS 3: Saúde e Bem-estar. No indicador baixo peso ao nascer, é considerada a meta do ODS 2 de até 2030, acabar com todas as formas de desnutrição, incluindo atingir até 2025 as metas acordadas internacionalmente sobre desnutrição crônica e desnutrição em crianças menores de cinco anos de idade, além de atender às necessidades nutricionais dos adolescentes, mulheres grávidas, lactantes e pessoas idosas.

Várias metas do ODS 3 servem de referência para o Mapa da Desigualdade na Cidade. Como o indicador gravidez na adolescência com a meta de até 2030 assegurar o acesso universal aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, incluindo o planejamento familiar, informação e educação, bem como a integração da saúde reprodutiva em estratégias e programas nacionais.

O Mapa da Desigualdade na Cidade 2018 foi lançado no dia 28 de novembro. O conteúdo é de fácil visualização, com textos curtos, mapas e ilustrações que mostram um raio-x sobre a desigualdade na maior cidade do país.  

Para compreender a dimensão dos ODS para o desenvolvimento sustentável de todo o país, vale ler o Relatório Luz 2018. O documento foi elaborado pelo Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para Agenda 2030 (GTSC Agenda 2030) sobre o avanço da implementação dos 17 ODS. O Programa Cidades Sustentáveis, do qual a Rede Nossa São Paulo faz parte, foi co-autor dos textos sobre o ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis.

Confira aqui a apresentação do Mapa da Desigualdade.

Veja também o estudo completo.

A nova edição do estudo foi divulgada em um evento público, no auditório da FESPSP – Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, organização que apoia a iniciativa.

Histórico 

Desde 2012, a Rede Nossa São Paulo elabora e divulga anualmente o Mapa da Desigualdade da Cidade, um estudo que apresenta indicadores dos 96 distritos da capital paulista, compara os dados, e revela a distância socioeconômica entre os moradores das melhores e piores regiões.

Trata-se de uma valorosa ferramenta para a gestão e o planejamento municipal, pois pode auxiliar os tomadores de decisão a identificar prioridades, carências e necessidades da população e seus distritos.

Com informações do Programa Cidades Sustentáveis

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