COP 21 não acabou. É hora de pressionar!

Richarlls Martins*

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Na primeira escrita sobre o processo que vivenciaríamos nesta COP 21 compartilhei a dificuldade de acordar um documento sobre esta temática em função da complexidade das questões em disputa. Soma-se maior dificuldade quando se propõe consensualizar um Acordo com metas ambiciosas – ambição foi a palavra deste último dia de COP.

Ultimo dia?

Que nada! Não acabou. Nestes processos o último dia pode não ser o oficial. Hoje pela manhã o presidente da COP 21 ao lado do Secretário Geral da ONU anunciou a prorrogação da Conferência por mais um dia. Segundo Laurent Fabius é necessário novo turno de trabalho para que as delegações desatem os nós. Ele afirmou que “não existirá uma versão intermediária” e o texto final será apresentado para análise amanhã (sábado) às 9h de Paris para que se feche o Acordo ao meia dia.

O que se propõe é um “pegar ou largar”. Ou seja, prorroga-se até o último momento, com um dia adicional na verdade, para que amanhã seja entregue o texto mais consensual possível na linha “ou aprovamos este documento ou não tem documento” visando com que as delegações cedam nos seus pontos de maior tensão.

Como aportei na primeira escrita por aqui no texto Por que estamos na COP 21?, “em uma análise atenta referente a discussão no âmbito das Nações Unidas sobre mudanças climáticas aponta para a complexidade de se negociar eixos referentes a este temário entre a altas autoridades de Estado. Vale recordar que na COP 20, realizada em Lima há menos de um ano atrás, o Chamado de Lima para Ação sobre o Clima, produto final da Conferência, apenas conseguiu ser aprovado 2 dias após do término oficial da Conferência com a prorrogação da mesma.”

A experiência intensa de Lima se repete, o Acordo fechado – com muitas limitações – se conseguiu 48 horas pós término prévio. Paris caminha na mesma direção. Possivelmente teremos também documento – não o ter seria um fracasso diplomático total – mas fica sempre a questão, que documento teremos? Direitos humanos, igualdade de gênero, juventude ou saíram totalmente da última versão ou aparecem sem operacionalidade no texto. Temos a chance de sairmos daqui no final desta COP 21, ampliada com uma prorrogação inesperada, com um Acordo de Paris fraco para que se garanta tão somente que se haja Acordo.

Uma boa estratégia de incidência social coletiva agora e urgente é pressionar nossos governos para que defendam a agenda integral de direitos nesta reta final. Momento de usarmos a hastag #COP21 nas mensagens a serem enviadas para presidência e Ministérios estratégicos, compartilhar informações sobre este processo e fazer muito barulho. O momento é já, não basta afirmar que apoia a linguagem de direitos no futuro Acordo de Paris e que o mesmo tenha metas ambiciosas, é a hora de pressionar para que nossos negociadores do MRE e a chefia de nossa delegação do MMA vocalizem estes pontos. A hora é agora!

*Richarlls Martins é da Rede Brasileira de População e Desenvolvimento/REBRAPD, psicólogo, mestrando em Políticas Públicas em Direitos Humanos/UFRJ, membro do Grupo de Trabalho da Sociedade Civil do Brasil para a agenda 2030, representante no Brasil da rede latino-americana e caribenha Igualdad y Justicia Socioambiental/IJSA e tem participado nos últimos anos da delegação brasileira nos principais fóruns das Nações Unidas em diferentes países.

 

 

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