Brasil deixa claro: Addis não concluiu a agenda de financiamento dos ODS.

Como tem sido de praxe durante o debate dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, o Brasil tem convocado reuniões abertas com a sociedade civil para apresentar prioridades e conversar sobre suas posições.

Hoje a reunião, em uma sala com cerca 90 pessoas representando organizações de todo o mundo, foi coordenada pelo Ministro Conselheiro Sergio Rodrigues dos Santos, que detalhou com a audiência a preocupação com o texto atual da Declaração, ainda desequilibrado em relação aos eixos centrais da agenda. Além disso, o Brasil vê com preocupação os parágrafos agora apelidados de ” 5 Ps” (Pessoas, Planeta, Prosperidade, Paz e Parcerias), por entender que seus conteúdos não compreendem os pontos centrais da agenda dos ODS mas, por outro lado, destaca aspectos que deveriam ser tratados como transversais a todos os temas.

O Ministro também deixou claro que, para o governo brasileiro, o resultado de Addis não conseguiu responder às demandas de financiamento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, dando indicações que o debate sobre Meios de Implementação, que ocorrerá a partir de quinta-feira, não será fácil. Em tom descontraído, ele brincou: “eu sacudi e sacudi o documento mas nenhuma moeda apareceu”.

Essa posição é compartilhada pelas organizações da sociedade civil brasileira, que participaram da III Conferencia para o Financiamento do Desenvolvimento, na Etiópia. E já foi anunciada no primeiro discurso do Brasil hoje, durante a plenária intergovernamental, onde reclamou da resistência dos países do norte em reconhecer que há ‘responsabilidades Comuns entre os países, mas que estas são diferenciadas- CBDR, da sigla em inglês e um dos princípios da Rio+20.

A fala, aliás, foi forte e mandou uma mensagem direta aos governos doadores, alfinetando um comentário do Japão no dia anterior que insinuou que os países em desenvolvimento defendiam CBDR para não agirem em prol do desenvolvimento sustentável. “Ficamos (o Brasil) muito desapontados em ouvir algumas delegações expressarem a opinião de que CBDR é uma desculpa dos países em desenvolvimento para ‘a inação’. Se quisermos falar sobre ‘inação’, talvez, devemos começar por recordar os compromissos não cumpridos pelos países desenvolvidos sobre a Assistência Oficial ao Desenvolvimento. Eles hoje tem um débito de mais de US$ 1trilhão, desde Monterrey. O que, a propósito, não é uma gota no oceano.” E hoje ainda é o segundo dia.

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Reunião da delegação do Brasil com representantes da sociedade civil internacional durante negociações da Agenda Pós-2015.

As sessões da plenária estão sendo transmitidas ao vivo pelo webtv.un.org Vale a pena acompanhar.negociadores1 negociadores02sala

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